quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Da dor e do a-colher

 


Acolhimento acontece quando sequer há anseio de mudança, 

Na aceitação: recebimento ativo de fluxo alheio, natural.

Ahhhção difícil !... 


É no canal de equidade que con-fluímos,

Que verdadeiramente aju-damos,

Sendo, simultaneamente, por outro lado auxiliados. 


Quando nos presumimos melhores já estamos piorados.

Em potência de resultados diminuímos.


Dar de verdade é por-se disponível, amparar, abraçar

Com peito aberto.


Comunicação e entendimento ocorrem quando nos sentimos iguais.

Nem menos, nem mais.


A dor tem a perícia, a mão de irmanar.

Por ela trans-formam-se profundamente relações.


Trans-fusões acontecem quando se sangra junto.




segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Passeio pelo importante



Por aqui passou quem sabia ficar.
Não pulava muros, não empurrava portas, preservava janelas.
Percorria superfícies e profundezas com respeito, apreço, carinho
E conquistava espaços, passo a passo, sem pressa,
Pelos caminhos do peito.

Foi presente... passeando por simplicidades,
Profundidades inaparentes,
Imperceptíveis, talvez, aos não apaixonados.

Palmilhou-me como quem planta sementes,
Com cuidados de lavrador,
De quem quer flor
E sabe que é preciso esperar pra ver brotar.

Como nos desaprendemos, como nos atrapalhamos !
Perdemos-nos sem perceber.
Como encontrar ?

Colhido é fruto de cultivado.

Por aqui passou quem sabia ficar.

É BOMMMM lembrar !



sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Mais que desejo, mais que festejo



Teme sentir saudade ?
Teme diminuir-se ?
Teme o desconhecido ?
Teme alimentar, cuidar ?
Teme doar...
Não ser só festejo ?

É mais que desejo.

Amor vai preencher.
Amor vai ampliar.
Amor vai descobrir... e encantar.
Amor vai dividir, somar, nutrir, unir,
E afirmar, e questionar,
E ofertar... e extrair.

Teme sofrer ?
Amar vai, sim, doer.

E ao demandar maturidade,
Acalentar crescer.




quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Profundidade do tempo



Qual a profundidade do tempo,
Esse que perpasso e que me penetra ?!

Esse que me encarna... e que estranho,
Que me entranha... e evapora,
Escrevendo, inscrevendo-me,
Absorvendo-me... e libertando-me,
Testemunhando-me... e capitulando-me.

A profundidade do tempo é a de suas impressões.

É a do peso d'alma,
Da espessura do peito,
Da densidade do olhar.




segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Afeto economizado



Do mesmo modo que a vida repentinamente soma
Ela, de repente, subtrai.
Quem garante tempo, amanhã, para o importante ?

Ahh, como devem pesar um "eu te amo" não dito,
Um "somos o que sonhei " secreto,
Um "eu me importo" guardado,
Um "você faz toda diferença" escondido !...

Afeto economizado é afeto perdido.
Não demonstrado, torna a vida mais pobre.
Às vezes sem sentido.







segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Pausas dos tempos



Voam os que param,
Estacionando em sabores intensos de emoções.

E depois são anseio de captura,
De um repetir de permanecer,
Sonho de que possam voltar
...e perdurar.

Não há gaiolas capazes de conter os tempos.
A não ser que se sustentem deitados,
Cobertos, aquecidos,
Belos adormecidos às camas do coração
...para serem despertos por saudades, depois.




quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O mar... e mais



Um... e muitos.
O mesmo, mudando.
Transformando matérias, movendo mundos
Em superfície e interior.
Em ondas incessantes,
Recuos e avanços constantes,
Agitado, sereno... e sem descanso,
Levando e trazendo,
Cantando, dançando... escrevendo histórias.
Operando mutações
De seres e saberes...
Parcos perante os imensos enigmas
Envolvidos em suas vagas.

Seu fim é o horizonte que vemos ?

O que percebemos e podemos professar ?
O que haverá onde a vista não alcança ?

Nesse universo, mais que exclamar, movi-mento-me,
Movimentamo-nos às interrogações.

A beleza também mora no mistério...

E o mar em mim.